Na pele da noite
Entre as
nuvens de gris, surge um singelo rasgo de azul
Qual a êxtase de uma flor sobre desertos de concreto
De ventos remotos que vêm a trazer ares de despedida
Nada depende de pretextos, de perguntas e respostas
O sol, alegria dos gestos, se derrama a causar novo dia
Os sentimentos confundem, ébrios de azul e cimento
Mas, há a quem
o céu nunca abriu ou a porta na terra
Lamento por quem só vê pântanos e a palidez do nada
Flores murchas, aves confusas e inertes nuvens cinzas
Essa voz soará errante, até que o tempo
se faça espaço
Na fiel lembrança de tempos
outros e em outras cores
Olho ao longe o éter do olvido a girar em redemoinhos
Breve a tarde
se fundirá na luz de loucos
pensamentos
E pensar que ainda pode haver paz no afã
destes dias
Que um dia aprendamos a viver livres e independentes
Que haja um lugar com amores sutis na seda da
derme
Onde todas feridas convalesçam, sem deixar cicatrizes
O paradoxo de
toda relatividade que cerca nossa
vida
É que só escolhemos o que nos parece mais importante
Tal a estrela que não existe, mas luze na pele da noite
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