quarta-feira, outubro 1

Raiz

Busco a raiz, a fonte geradora para um escrever justo e novo
Qual será o moto real da força vital que dizemos que é nossa
O que nos impulsiona e move todos dias quando nasce o sol
Lá fora, além da teia viva da cidade, sob o rigor geométrico
Luz e sombras transitam e iluminam meus versos renascidos
Eu, alheio aos ardis do dia, observo os precipícios da noite
Ouço passos femininos pela calçada, sob a janela do quarto
Um perfume airoso a se espalhar incógnito com a penumbra
Quem será que se aproxima pelo silencioso império noturno
Minhas mãos tateiam o fecho da janela e sinto o frio metal
Tranço os dedos e uma visão se faz livre, breve e reticente
Ela vem pela rua, figura entre o transparente e o encantado
Um fulgor único a iluminar a selva de concreto à sua volta
Qual toda uma constelação que pousa diante de meu olhar
Um arco de luz que deixa seu rastro em meio a antiga treva
Qual uma serpente em azul que, por espanto, se dirige a mim
Sua branda voz ecoa na madrugada e desperta a minha alma
Um singelo cumprimento, breve e aceso qual um relâmpago
Meus olhos fitam seu sorriso cristalino, lhe faço um aceno
Ela amplia o sorriso e a sigo com o olhar até virar a esquina
Contudo é o que basta à revoada de minhas aves notívagas
Que partem céleres querendo chegar antes dos raios de sol

 

 


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