The Writer Within the Wizard
Se escrever é fazer mágica, sou um mago; se for transformar, sou alquimista; se for dominar mistérios, então sou bruxo. Vim transmutar sentimentos em palavras e vice-versa. Os poemas falam de imagens, sentimentos e sonhos. Tudo se passa na vida real ou na surreal. Ao lê-los tenha atenção ao que está oculto nas entrelinhas. Deixe que os versos te levem onde o vento quiser levar. A musa de meus poemas é a vida. Estejam atentos, pois as palavras são metade de quem escreve e metade de quem lê.
terça-feira, dezembro 23
sexta-feira, dezembro 12
Vertical
Não diga que
escrevo um poema presumidamente vertical
Que não exibo orações
devotas, de bondade e franqueza
Pueril engano de quem acredita que pode decodificá-los
Nada é tão só o que parece e oculta razões inquietantes
Aprendi a falar de dores, decepções e inocência perdida
Escrevo estrofes
isentas de epigramas, plenas de sombras
A metáfora de quem venceu a morte e outros fantasmas
Os protagonistas dos medos cotidianos de
tantos outros
São palavras
graníticas, nascidas de complexas
tormentas
Porém ainda falo de amor, não de avara lascívia da carne
Falo dos esplendores dos olhares, de vertigens eternizadas
Aquilo cuja aclaração, conduz a incertezas ainda maiores
O poema diz dos encontros tão casuais quão improváveis
Pelas
inóspitas voltas do desejo, pelos itinerários da noite
Não escrevo
sobre o trivial, mas o desvario insolente e nu
A sedução que só se consuma com os
perfumes de rosas
Que etéreos e fugazes, deixam para trás apenas espinhos
O crepúsculo se acerca e povoa o dia de signos e sonhos
Nuvens sonambulas desfilam diante da luz pálida do luar
O que seria do
poeta sem as cicatrizes de beijos perdidos
segunda-feira, dezembro 8
Hipnótica
Fecho os olhos
e o negror de teus beijos me hipnotiza
Como se a
noite, em uma onda, se aglutinasse em mim
Um momento intemporal que me sussurras ao ouvido
Excitando
todas minhas moléculas a desafiar a física
Meu menino interior grita silencioso em sua fantasia
Nasci numa cidade distante e seus credos revelados
Um ônibus vermelho
passou antecipado pela esquina
Teus olhos brilhantes a fitar os meus, me despertam
Imagens oníricas destas mãos que percorrem
tua pele
Ignoro que poderias ter vivido inumeráveis destinos
Mas aqui estamos, dedos entrelaçados nesta volúpia
Em que te compartilho arcanos antes inconfessáveis
Qual se o eterno se consumasse num piscar de olhos
Neste minuto que a realidade se
dissolve num abraço
Sob o céu gris
sem estrelas és a minha alfa centauro
Fora da janela,
fulgura o amarelo louco dos girassóis
Uma canção remota,
por que é dezembro, soa no ar
Olho para ti,
tua mística me envolve e quer de novo
Em nossa cálida
intimidade, as noites se apequenam
A ave liberta
regressa breve com o ramo de oliveira
terça-feira, dezembro 2
Rumores
Num dia que parece ter olvidado de
amanhecerO bêbado sujo ainda se põe sentado no meio-fioOs transeuntes o ignoram qual se fosse invisívelO sinal estivera sempre fechado para
os que vãoPenso que choveria lágrimas não
fosse outubroNegros gestos, indiferença, isso já nem
importaO cinzel que ensartou sem terminar
de esculpirA verruma afiada, mas nenhum furo
para fazerE agora? Quão as ferramentas eram
insuspeitasTodos os ruídos como que foram
sequestradosTanto imaginei viver um dia peculiar como
esteE eu, poeta por vocação e ofício, assisto a
tudoNão espero minha obra em exposição no
LouvreFadada ao pó e tédio dos dias comumente iguaisE se agora tenho só as sombras de algum abraçoNos ouvidos ainda me retumba o
rumor de risosE a visão de teu corpo nu tal deusa adormecida
domingo, novembro 16
O solitário
O solitário se fazDe areia e chuvaSonhos e adivinhasSecretas palavrasO passado é o queConstrói o futuroDe lembranças eParcas alegoriasSubmerge na noiteOnde se purificaDesafia o relógioAbranda as horasFlerta com a morteDesposa a vidaNa água profundaNo píncaro azulDesconhece a solidãoE o mundo que padeça
sábado, novembro 15
Lampião
No amanhecer da noite entre lençóis
Achego-te lânguida em meus braços
Tua figura envolvente meio
à batalha
Ao pé do ouvido, me confessas amar
Sílaba que tu insinuas discreta e lenta
Na névoa oculta de silentes falsidades
Das cinzas olvidadas em dias passados
Desembainho a espada com um sorriso
E olho-te num quase vingativo silêncio
E assim tu perseveras a me fazer amor
Qual algemas em
sentimentos binários
Teu corpo nu desdobrado no colchão
Lá fora, as sombras permeiam as ruas
Pela noite vazia, nenhum sinal de vida
Neste meu abrigo,
teu calor contagia
Sentimentos e prazeres se confundem
A porta
permaneceu há muito aberta
Longos
caminhos te trouxeram a mim
No amargo da ausência foste lua nova
Ora te derramas em vinho e esperança
E o velho lampião acende a eternidade
sexta-feira, novembro 7
Elétrico
Andava pelas ruasNuma tarde elétricaRelâmpagos ciscamEntre nuvens cinzasOlho as portas fechadasAusências na calçadaDe repente músicaDe um rádio distanteEntre trovões e ventoA soprar folhas caídasLembro olhos meigosQue brilham na janelaMas repentinamenteUm raio tudo silenciaChegando o entardecerUm longo caminhoNem sons, nem olharesForam-se tão brevesPara não mais voltar
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