terça-feira, dezembro 23

A fonte

 

Esse desassossego, essa palavra que brota na garganta
E caminha aos lábios como se quisesse saltar ao mundo
Mas se detém e permanece encarnada em meu silêncio
E o que chamam de poema, uma amorosa luta pela vida
Que outorgo ao mundo quando a dor assoma no peito
Raia irreverente da ponta de minha pena sobre o papel
Há de chegar o dia que todo esboço afinal amadureça
Sem afãs, mas rigorosamente antes que a morte vença
Que a palavra não seja um consolo, antes ecloda no ar
Como um canto, dessangre, chegue e torne o dia feliz
Que se descerrem as cortinas ao invisível, o impalpável
O poema faz magia em palavras, dia a dia, entusiasmo
Um narciso nascido de mim, contemporâneo, corporal
E as imagens se reflitam no espelho qual ecos distantes
O amor! Aí está o espelho, sempre perfeito, inapagável
De corpo inteiro, em toda dimensão, exato e mutante
A fonte de todas as palavras, gênese de meus poemas

 

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