Nos espelhos turvos da noite procuro um amor que me reconheça
Não o que acreditando saber de mim, apenas me olha e não me vê
Não o que se
delicia do poema, mas o que ame a loucura do poeta
Que saiba reunir os pedaços de mim espalhados pelo chão da vida
Que não se conforme como ora sou, mas desperte o que posso ser
Pois tudo passa, somos apenas passageiros no velho trem da vida
Também passará a dor desta afasia de uma solidão acompanhada
Nesta humildade de luz a noite se acerca do semblante do tempo
Tudo é distante nestes tempos de interminável chuva primaveril
Entretanto o vento sopra um antigo perfume de colônia e jasmim
E o banco de jardim à beira-mar rescende a uma ausência amarga
Infinitos minutos de oblívio são o rascunho de tantas despedidas
Que a parte alada do meu ser reage em azul, recriando esperança
Abro as asas, alço o voo em espiral a celebrar os rastros da paixão
As chagas hoje profundas sangram com eloquência tingindo o pó
Por cima da avidez deste terrível
e escuro passaporte para morte
Amanhã serão cicatrizes do que se foi, nos dias que colhes da vida
Não só o que se plantou, mas
aquilo que se herdou sem o desejar
Para poder resistir conclamo sortilégios
nas madrugadas da vida
Nessa luta afrontar os grilhões que
trocam as árvores por cinzas
Como um dia a ternura já foi
trocada pela ingratidão e o silêncio
Carrego em mim os esquecidos segredos
da antiga magia de voar
Sei que esse amor chegará antes
que manhã cale a última palavra
Sei que chegará de repente e não
lembrará de como é dizer adeus
Virá na bruma das sílabas só proferidas
quando se revela o sonho
Ficará para sempre pois o amor revive
à luz noturna das palavras
Nesta solidão, de onde despejo a
tinta com que escrevo teu nome
Por geografias proibidas, sinto
uma boca que me beija em chamas
tão intenso.. Alguns parágrafos me fizeram pensar, outros não entendi direito. Ainda não aprendi a traduzir seus textos como deveria. As entrelinhas me parecem confusas, meio perdidas.. Mas mesmo assim é lindo.
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