Esferas de Sacrobosco
Prólogo
O céu
da noite é como um negro mar de invisíveis conflitos
Que
persistem em seu movimento de arco rumo à luz do dia
O céu
que semelha um manto perfurado de brancos pontos
Desperta
os sentidos do poeta, que o observa e
o descreve
Do amor
O
pensamento verte ao amor, que é como o
trigo a crescer
No doce
contraste da noite com o clímax da fome de amar
Mas não
se extingue quando deixa corpos salgados de suor
Pois
que caminha pelas sendas paralelas até o nascer do sol
Da andança
O dia reconduz a novos pensamentos, uma ponta de saudade
Cada
passo da estrada, cada um, move-se em sua própria luz
Todas
as manhãs se reiniciam em sua vigília e faina solitárias
Que se
sucedem infindas, numa louca esfera de Sacrobosco
Da luta
Os
inimigos escondem suas armas obscuras, sua força oculta
Estende-nos
os dedos, mas para fazê-lo prisioneiro nesta vida
Para
conter seu surto de vontade, sua força, sua resistência
Para
tornar-nos frágeis e roubar o sentido de nossas palavras
Do sonho
A ação se
desenrola nas fábulas perpétuas da roda do tempo
Para fazer
grandioso um sopro de vida inicial que
recebemos
Para
eternizar o que fora transitório num único abrir de asas
Receber
todo o fogo de ser pássaro, voar rumo ao sol poente
Epílogo
As
realidades objetiva e subjetiva vão arar
o chão desta terra
O poeta
em seus laços com o infinito, traça os
versos no papel
Como as
margens paralelas de um rio, as sujeitam ao seu curso
Mas
alastra, linha a linha, pela geometria
própria de quem os lê
É permitido, como sempre o é na poesia, ao leitor encaixar sua própria vida nestes versos, desde que esteja ciente que tudo pode não passar de ilusão...
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