A besta
Na espera das
ilusões reconhecidas, que o vento da tarde resume
Admiro
todas as frases que um dia os poemas já ousaram conter
Ouço o caminhar do
passo desigual do fauno de contos de fadas
Que
com seus olhos afiados exibe a proposta criada em porções
Na noite de lua
cheia, o crepitar da parca vela e o sonho alheado
Inertes, se revelam no
tempo e acolhem tantas palavras eviternas
À borda da lápide
fria, silenciosa e abstrata, qual presa a se agitar
Como um tolo inseto atordoado que procurou a fatal luz brilhante
Duas letras separam
a sala da cela, recriando frio e mortal delírio
Onde cairemos nas
teias de um par de quadris de ritmo ondulante
A besta disfarçada de anjo que se apresenta
irrecusável ao incauto
Ela o deixará paralisado e indefeso
com seu doce olhar insaciável
Avança
silenciosa e misteriosa, munida de uma astúcia irracional
E convidará à dança
proibida neste perturbado mundo cru e irreal
Permitindo que tudo
possa ser como nunca nada foi, ontem e hoje
É
meu conselho, nesta liberdade a que me atrevo, evites o abismo
Pois
lembra-te: as palavras são somente um adereço sem proveito
Quando
pronunciadas sem lastro do coração, fonte da lei primeva
Os espíritos rudes não terão assento à margem do cálice
supremo
Só restarão as
disposições do coração quando a sombra precipitar
Seja
o pó amargo, mas sempre haverá linimento, para tantas dores
Violando
o silêncio grasnam pássaros selvagens alçados ao vento
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