Eco da Terra
Nasço todas as
noites nas luzes naufragadas em águas límpidas
Nesta terra amarga de lamentos, dezembro não é mais tão
vivo
A noite avança
e a lua se perde lenta em seu reflexo nos canais
Escondi meu velho coração detrás de muros que eu fiz
erguer
Para ter a certeza que já estás demasiadamente longe
de tudo
Que não mais te verei nas planuras onde soprou o
nosso vento
Que balançava
os cachos de teus cabelos e as flores do campo
Afastei-me de
todos amigos para ficar só, somente recordar-te
Afinal, estás mais longe que a lua que nasce, mas te
sinto aqui
No ar o cheiro
verde do musgo e sobre as pedras ecoa o trotar
Dos cavalos
selvagens, com longas crinas oblíquas tremulantes
O vento
esmaece os vestígios de seus cascos deixadas no areal
Sou uma alma
antiga, eivada de rancores cinzentos mal digestos
Deito as
sílabas por folhas despenhadas sobre a relva do prado
Onde germinam
os poemas desenraizados das sombras lúgubres
Nesta minha
vida provisória, sou sobrevivente, sou eco da terra
Escrito em 18 de dezembro de 2020
ResponderExcluir