Esperança
A
noite balbucia seus segredos como um peixe rés à tona
Numa
busca frenética de migalhas ou de ar para respirar
São
histórias que arranham a parede crua da madrugada
Indo
ao chão as reticências caídas, egressas de álgido pó
A
cidade e suas contiguidades, são quase promiscuidade
Os
vizinhos bradam na sala entretanto tocam Beethoven
Ouço
uma nota desafinada entre o jubilo e o sofrimento
Na
lareira, a lenha crepita sua dança sem notas musicais
A
noite lança seus anônimos segredos causando frêmito
Espalhando-se
como vírus entre alienados e desgarrados
Ao
dorso das ruas, em fiel aprumo, portas ocultam vidas
Almas
de mentes silenciosas em sua lenta circunvolução
Enquanto
galopa pelo asfalto o corcel branco da justiça
Talhado
co’o fim de negar aos míseros ínfimos quinhões
Amostras
desumanas de sabedoria qual um sopro divinal
Pela
calçada uma anciã caminha em seu pisar cuidadoso
Entanto
tenta, em vão, vencer o diminuto tempo de vida
Insciente
da beleza que pode ornar os parques invernais
Nas
intempéries faço-me a salvo dos olhares indiscretos
Detrás
das letras, timbres e versos com Deus por fiador
Escrevo
por fé que minhas asas me livrarão de derrotas
Quando
a noite vier roubar a última palavra que lembro
E
revogar num espasmo qualquer minha estada por aqui
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