terça-feira, março 18

Que faço?

O que faço agora se chamo teu nome e me reponde o silêncio
Se todas histórias que contam tem os vestígios de teu sangue
Se me restam apenas solilóquios onde tu te aninhas sem pudor
Entre os sulcos de antigas cicatrizes que ameaçam romper-se
Eis que ocupas minha pele em tuas bandeiras de alento à dor
O que faço se a brisa da tarde deita-se nas montanhas do sul
Se meus lábios desejosos buscam o doce calor rubro dos teus
Se as roupas do varal, ao ritmo do vento, exalam teu perfume
Qual fantasmas ávidos a renascer no terreno fértil do desejo
Que semeaste no meu peito onde ocupas qual senhora de mim
Os pássaros agitam suas asas no jardim, é hora de retomar voo
Buscar um novo horizonte onde o sol jamais deite além do mar
Vou voltar ao meu torrão no caminho traçado com meu nome
Onde escrevias te amo com o vapor da boca na janela da sala
Se ao menos um sinal me desses, sei lá, nascer de novo os lírios
Dos quais carregavas para nossa cama nos cabelos o perfume
Ou se ligasse o rádio e lá tocasse aquela música que cantavas
Quando à luz do luar, o sereno vinha sobre nós como pérolas
Um sinal que me dês com o caminho certo para te encontrar
Seguir um vento vespertino entre as nuvens cinzentas no céu
A tempestade que preceda à calmaria d’uma nova primavera
Dar a senha para retomar o sonho do ponto em que acordei
Só um breve signo e alçarei voo para pousar entre tuas coxas
Minha boca deitará sobre a tua e tornaremos a noite infinita
Pois que de carne e beijo é que tua lembrança reside em mim

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário