Que faço?
O que faço
agora se chamo teu nome e me reponde o silêncio
Se todas
histórias que contam tem os vestígios de teu sangue
Se me restam apenas solilóquios onde tu te aninhas sem pudor
Entre os
sulcos de antigas cicatrizes que ameaçam romper-se
Eis que ocupas minha pele em tuas bandeiras de alento à dor
O que faço se a brisa da tarde deita-se nas montanhas do sul
Se meus lábios
desejosos buscam o doce calor rubro dos teus
Se as roupas
do varal, ao ritmo do vento, exalam teu perfume
Qual fantasmas ávidos a renascer no terreno fértil do desejo
Que semeaste no meu peito onde
ocupas qual senhora de mim
Os pássaros agitam suas asas no
jardim, é hora de retomar voo
Buscar um novo horizonte onde o sol jamais deite além do mar
Vou voltar ao
meu torrão no caminho traçado com meu nome
Onde escrevias
te amo com o vapor da boca na janela da sala
Se ao menos um sinal me desses, sei lá, nascer
de novo os lírios
Dos quais carregavas para nossa cama nos cabelos o perfume
Ou se ligasse o rádio e lá tocasse aquela música
que cantavas
Quando à luz
do luar, o sereno vinha sobre nós como pérolas
Um sinal que
me dês com o caminho certo para te encontrar
Seguir um vento vespertino entre as nuvens cinzentas
no céu
A tempestade
que preceda à calmaria d’uma nova primavera
Dar a senha
para retomar o sonho do ponto em que acordei
Só um breve signo e alçarei voo para pousar entre tuas coxas
Minha boca deitará sobre a tua e tornaremos a noite
infinita
Pois que de carne e beijo é que tua lembrança reside em mim
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