Ode a Van Gogh
Meu coração endurecido guarda lembrança de voar
Como se isso pudesse me guiar ao fim de um outono
Prevenir-me
dessas belezas vazias, não por faltar
a fé
Mas pela ausência de ventos que marquem a direção
Para contornar as melancolias e memórias provisórias
Qual o talismã que me proteja da traição dos infiéis
Ultrapassar os muros nessa fuga das dobras dos dias
Partir em meio
à insônia de cálidos tempos tropicais
Na inevitável cegueira de todo poeta diante do amor
Assim como sua inútil e imortal esperança no melhor
Ser o cão dócil, de alma gentil ferido por ser franco
Quero semear flores pela orla desta estrada agreste
Onde pousarão
as mariposas, cientes de evitar a luz
Caminharão à
minha sombra e ouvirei seus lamentos
A escuridão em nossa face, nosso medo tão antigo
Às vezes imagino, em verdade, não existir um mundo
Apenas seguimos numa batalha interminável pela luz
Ou talvez bailarinos, que desnudos, buscam a manhã
No sonho, obstinados versos brotam em minha mão
Como os girassóis de Vincent, na primeira luz do sol
Dispo os farrapos, visto
o poema novo ali na esquina
Nenhum comentário:
Postar um comentário