domingo, junho 1

Sabedoria

A sabedoria outonal derrubou as últimas folhas rubras
Restou a saudade dos perfumes dos lilases dos anseios
De bocas céticas, de tantas palavras de veludo e cetim
Dos anos passados são tantos os amigos que já partiram
Da nossa tão distante antiga infância restaram suspiros
De crianças que brincavam ao redor dos pés de frutas
Ou de cada letra mal soletrada na palavra elucubração
O sussurro musical daquele rock que meu pai proibira
A relva já seca resplandecia aos reflexos do sol poente
Foi então que descobri, ao acaso, o despertar do amor
Foi então que descobri, ao acaso, a morte inesgotável
E mesmo as cobras que inadvertidamente acariciamos
O vinho e o vento guardam as lembranças adormecidas
Meu olhar errante aos campos de cogumelos e malvas
O júbilo do saxofone a me sorrir pela estrada de seixos
Muito além da encruzilhada onde enfim nos calaremos
Terá o poema e sua foice dourada ceifando caprichos
Ainda que o inverno venha, e virá, inexorável e severo
Nos jardins de lua é hora de sonhar sem ressentimento

 

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