Vaivém
Anos passados, eu a encontro ao acaso, ela parece
me sorrir
Decido, destarte,
por falar de coisas triviais, coisas
outras
Nada digo sobre
seu perfume, apesar desta noite enevoada
Uma sensação de umidade, a lua ocultada,
estrelas alheias
Não será conversa
sobre o passado, penso falar de futebol
Isso evitaria abraços e distrações. O que houve foi silêncio
Os ruídos
noturnos nos levam ao sofá, contudo o
ar gelado
Nos aproxima um tanto a mais que a prudência recomenda
Na chaleira a água vai além do morno, ferve a fazer o café
Não, não
pergunte, nem me diga que sente pelo
acontecido
Faço uma pausa, escolho outra música para tocar, creio eu
O relógio tiquetaqueia por minutos que se somam em horas
O tempo não se distribui na medida de nossas necessidades
Sabemos o que isso pode fazer-nos (e nem é preciso
dizer)
Não importam porquês, a roda do tempo não retorna atrás
Ela deixa sua blusa semiaberta, vê-se a volúpia em sua boca
Nas respostas do que não se perguntou e não se quer saber
Acaso tu te atreves? Atrevo eu, solto o cordão do sapato
Ponho descalços
os pés, faço-os tocarem de leve nos seus
Curiosamente ela murmura uma canção antiga, eu
conheço
Porque o fazes assim, fica tão difícil não desnudá-la, penso
Carreguei sua foto na carteira por mais tempo que queria
Quando me dou conta já esfregas
aquela tatuagem em mim
Ela se adere ao meu peito, sobre todas as cicatrizes de ti
Sinto o calor de teus seios hígidos me roçarem em vaivém
Já não há mais o que fazer, outra vez restamos
apenas um
Entre as cobertas, dizes que não queres falar sobre nada
Então que queres que eu faça se
tu me olhas com paixão
Além de te
tomar em mim, sem ponderar as consequências
Imagino que tu fizeste de caso pensado, mas nem importa
Lá fora a neblina já deu lugar à chuva, não pretendo
sair
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