terça-feira, agosto 5

Poema mulher

As partículas invariáveis de traço dos meus poemas
O motivo é sempre a mulher e o seu cruzar de pernas
Na intensidade que muda, por conta de quais ângulos
E da fantasia de quais portais se abrem aos sentidos
A se espalhar como destroços de antigo naufrágio
 
Enquanto há uma pretensa penumbra a limitar o céu
As paredes da sala se diluem entre olhares brilhantes
O fato gerador das minhas mais eruditas expressões
Diametralmente opostas ao reino de certezas líricas
A seda nunca fez sentido até que eu senti sua pele
 
A mulher na horizontal invade as minhas estruturas
E me fazer conjugar os meus verbos mais irregulares
Livre de funções sintáticas, sou todo concordância
O que são letras frias comparadas à beleza feminina
Ou as infinitas estrelas do céu diante de sua nudez
 
Perco os substantivos, os gêneros e mesmo pronomes
Exceto ‘minha’ que faço por chamá-la noite adentro
Atravesso as fronteiras do querer, predicado verbal
Sua boca rubra e tão suave textura são a expressão
Entre artigos e numerais, é o meu refúgio do tempo
 
Chamam-te mulher, mas és o berço de toda a poesia
Monólogo da plenitude mais que perfeita da palavra

 


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