sexta-feira, agosto 22

Livro Azul

Eu, antes era tal qual fosse alguma soma finita
Um rio de parcas margens, fluindo sem destino
No sombrio interior da noite quando te conheci
Por épocas reinventadas, em tempos imemoriais
Havia em mim uma existência de milhares de sóis
Nas ruas, o alaranjado tom nas folhas de bordo
 
Não um tempo linear, vivo no imaginário popular
Onde se empilham horas em dias, meses em anos
Mas o tempo desespero de toda a tua ausência
E tu, qual que estivesses num universo paralelo
Diametral a minhas aspirações, a minha angústia
Subsistias alheia a tudo, respirando a minha luz
 
As partículas da margem delirante de meu caos
Fizeram sufocar o anseio de tocar tua armadura
Eis que asas emergiram-me às costas, então voei
Consumi o fogo, toquei o futuro, me fiz invisível
Sem pretender ser rude, abdiquei de teus beijos
Para cercar o peito com um muro de neurônios
 
Não és mais meu universo, tampouco um oceano
Mas gotas que escapam se tento agarrar a chuva
Mas gotas que escapam se tento agarrar a chuva
Tornei-me a espiral fugitiva, não te gravito mais
Mesmo que conserve a memória de tuas pupilas
Descobri que a dor, ora tem limites fora de mim
E assim escrevi este poema no livro azul da vida

  

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