Eu, antes era tal qual fosse alguma
soma finitaUm rio de parcas margens, fluindo sem destinoNo sombrio interior da noite quando te conheciPor épocas reinventadas, em tempos imemoriaisHavia em mim uma existência de milhares de
sóisNas ruas, o alaranjado tom nas folhas de bordo Não um tempo linear, vivo
no imaginário popularOnde se empilham horas em
dias, meses em anosMas o tempo desespero de toda a tua
ausênciaE tu, qual que estivesses num universo
paraleloDiametral a minhas aspirações, a minha angústiaSubsistias alheia a tudo,
respirando a minha luz As partículas da margem
delirante de meu caosFizeram sufocar o anseio de tocar tua
armaduraEis que asas emergiram-me às costas, então voeiConsumi o fogo, toquei o futuro, me fiz invisívelSem pretender ser rude,
abdiquei de teus beijosPara cercar o peito com um muro de neurônios Não és mais meu universo, tampouco um oceanoMas gotas que escapam se tento agarrar a chuvaMas gotas que escapam se tento agarrar a chuvaTornei-me a espiral fugitiva,
não te gravito mais Mesmo que conserve a memória
de tuas pupilasDescobri que a dor, ora tem limites
fora de mimE assim escrevi este poema no livro azul da vida
Tornei-me a espiral fugitiva,
não te gravito mais
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