segunda-feira, agosto 25

Tão só poeta

Acordo sentindo-me tão distante e olho-me por dentro
A palavra brota em mim, sem raízes, lágrimas ou gritos
Antes, um poema intocado em mim mesmo, escondido
Um mundo terno que pensei criar à minha semelhança
Renascer, evoluir sem reclamos qual fruto do espírito
Sem usar das palavras para ferir a quem quer que seja
Apesar disso, nunca calar algo sutil, doa a quem doer
Papoulas sempre fiéis apontam rumos em meus sonhos
Homem ou pássaro sempre fui necessitado de carícias
Num mundo sempre feito com sangue, suor e lágrimas
Amei como se devia amar a quem nem sempre mereceria
E de qualquer forma nunca retribuído com proporção
Neste meu reinaugurado mundo não haverá melindres
Tudo impecável, uma vida urgente, sem algum ressabio
E um céu estrito onde todos os pássaros se sustentam
Não o eterno fora de mim, um universo desencontrado
Dentro de mim um exército de mim armado de sentido
Nunca mais um desterrado, ajoelhado ou rosto oculto
Contudo, consciente de que o poeta sempre andará só
Mas, plúrimo com versos que tocam pessoas e gerânios
Segurar estrelas com as mãos, dizer não a antigas faces
Um arcanjo e a caneta, não para ser herói, tão só poeta

 


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