sexta-feira, agosto 22

Solidão a Dois

Foi quase uma despedida comum, poderia ser natural
Contudo era para sempre, a última vez que ela sairia
Eu nem quis ir à porta para ter certeza que ela se ia
Passou por mim, como a desviar os olhos lacrimosos
Fingia nos lábios um sorriso, não fosse o leve tremor
Levava neles o sabor de meus beijos a noite passada
Levava mais partes de mim que eu poderia enumerar
Fragmentos de meu ser, no íntimo, nas coxas e seios
Acreditava levar, qual de hábito, as todas respostas
Contudo, levaria mesmo as perguntas irrespondidas
Deixando um rastro de perfume a invadir-me a alma
Fingíamos que podia ser singelo, sem alguma emoção
Deixou signos de si mesma, tatuados em toda parte
Apartados do oblívio, quando cavalgava sobre mim
Sussurrando coisas irrepetíveis, inundada de prazer
Eu esvaziei, deliberadamente, todas as suas gavetas
Como se assim pudesse despi-la mais uma última vez
Ter sua nudez molhada de novo por toda minha pele
Deixaria ela para trás, todaa angústia e dúvidas vãs?
Mas não, o moto da partida residia na solidão a dois
Eu sempre estive presente, ela nunca quis enxergar
A porta do taxi fechou-se, deixei um soluço escapar


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