Caminho nestes plúmbeos dias versejando em frases
desapegadas
Não sei onde estou nem o porquê sigo caminhando em voz
baixa
As paredes onde se exibem o escrito dos profetas,
estão rachadas
Eu, assim como todos, não sei se me quedo surpreso ou
em aflição
Não há sinais nestes caminhos rudes de lilases
varridos pelo vento
Dou de ombros e sigo em surdina num orbe de infaustos
pesadelos
Minha decepção se alastra pelas minhas faces como erva
daninha
Tal qual lágrimas silenciosas, sinais invisíveis de
uma fria ausência
No horizonte precário, improváveis silhuetas acenam ao
amanhã
Além das portas de ferro do tempo semeio as sementes
do destino
Reajo a meus infortúnios, peito aberto, dilacerado e
nenhum louro
Reconstruo as memórias hereditárias de tempos antes
fascinantes
Os alto-falantes reclamam pela vinda centenária de
dias soberanos
para reinventar os risos daquela infância distante mas
imemorável
Penso no que sei e no que não, o conhecimento é amigo
tormentoso
exige que você se faça de tolo para não ser julgado
por outros tolos
É difícil aceitar que não é de precioso metal que os
sonhos são feitos
Da minha varanda aprecio os arrabaldes a ouvir seu
noturno rumor
Mergulho na noite vendo à distância as dóceis lâmpadas
da cidade
Eu entre meus ombros, neste silêncio de afetos,
rabisco estes versos
de um novo poema. Assim, vou lentamente lapidando meu
epitáfio.
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