Hoje é antevéspera de Natal
e a nostalgia que já
me invadira desde as
primeiras luzes natalinas
hoje, com a chuva
intermitente, se fez ampliar.
É tempo de sonhar e não
sonharei o impossível.
Apesar do coração acelerado
que me rouba o ar
Aprisiono internamente as
lágrimas do coração
Neste conflito surdo do que
tenho e poderia ter
De como me guiar nestes
dias de febre e pânico.
Vejo de minha varanda um
céu sem horizontes
Como se algo estivesse
inacabado neste mundo
É o momento que meu
pensamento abre as asas
Carregado de palavras
endurecidas pela solidão.
Capturo os sons perpetuados
na roda do tempo
Que os retém prisioneiros
na sua forma mais pura
Para devolvê-los ao papel
na forma de miudezas
Substantivos, adjetivos para
compor nova fábula.
Vejo na fábula o que era
transitório se eternizar.
A vida é um surto de
vontade em face da morte
Um sobressalto surdo, um
ímpeto de resistência
Na luta contra os que minha
pena querem calar
A noite avança entre luzes ofuscadas
pela neblina
E a palavra que nas dobras
do tempo se prolifera
Não estanca a dor dos
arreios postos nesta vida
Dor de uma flor arrancada em
desesperada agonia
O voo do pensamento reconstrói
a lucidez perdida
Sob a chuva o dia retornará
a cidade à luz cotidiana
Eu ao reverso daquela que
me julga morto, renasço
Com a vinda da aurora, sou
o pássaro sulcando o céu
Sim é antevéspera de Natal
e a nostalgia me invadiu
Com as primeiras luzes
natalinas: alvitres da infância
E mesmo diante do carinho
dolorosamente ausente
Sou esperança recriando a terra
em fogo, cinzas e pó.
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