Ouço o revoar
dos pássaros de final de outono num céu de nostalgia
Com os olhos
ancorados nessa imagem, busco saber do meu destino
E divago meio
perdido em meio à solidão, único bem que ora possuo
Inúmeros e
ásperos silêncios envolvem estes dias de cruas memórias
em que
indagamos se teríamos abdicado das rédeas do tropel da vida
nestas tardes
de clima precário em que a cerração omite o horizonte.
Questiono onde
estaria a estrela guia? Teria se ido oculta em sombras
que deram ao
sol um brilho de angústia, uma dura friagem de cristal
envolvendo a
luz num labirinto a nos privar das lembranças felizes?
Sem outra
saída, a fadiga consome a vida e se estampa como máscara
em nossa cara,
o resultado de tantos vazios de espanto e de assombro
no desígnio de
nos curvar, deixando este poema murcho de palavras.
Restou na
garganta a imagem muda do que calamos em desconcerto,
de tudo aquilo
que nos privamos em nome uma esperança irrealizada.
Colhemos nas
trevas os frutos do plantio que se prospera em surdina.
A tela vazia
reflete uma existência sem brio, um caminho descarrilhado
O pincel jaz
contido tal qual o gado no cercado enquanto espera o abate
Indago porque
um dia nos permitimos quedar diante da cepa do algoz
Com as asas
atadas, nossos passos curtos, nossa bravura caída no oblívio
Somos quase
náufragos à deriva, combalidos, sem contudo deixar morrer
A mordaça que
nos cala também nos deslumbra qual o visgo da idiotia.
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