As estórias de
meu universo se multiplicam com a chegada da noite
Nessas horas
que o azul celeste se permitiu transmutar em marinho
E o luar trespassa o véu que cobre a terra de infinitos
pontos de luz
O sereno noturno é o elixir para o poeta, é o linimento
para sua alma
O que me é
real, se inicia com os sonhos e vãos gestos volatilizados
Na quietude
noturna as palavras represadas pelo dia, se profundem
Dando a exata
medida ao poeta qual as asas dão medida ao pássaro
Contemplo as
pessoas à minha volta a renderem-se ao recolhimento
Enquanto que para alguns o avanço das trevas irá induzi-los
ao sono
É dentro de
mim ígnea combustão a sacudir todas memórias da vida
Com a noite as
cores se calam e os cinzas se desdobram
soberanos
Eu, fruo das
linearidades fugazes dos tantos contrastes aplainados
Para deitar ao
papel versos, quais sentimentos na ponta
dos dedos
Que são tal as
ausências ou o carinho olvidado neste tempo de dor
Pela remota
ficção dos amores negados e sentimentos
dilacerados
Minhas
lembranças me vêm como uma tormenta multicor e lúcida
São imagens
que orbitam pelas voltas de meu cérebro em vertigem
As ideias
fluem, percebo que antigos coros são hoje vozes mortas
E de tudo que
já foi restaram apenas suspiros, aflições revisitadas
Onde ficaram
os folguedos infantis, tempo sem dor, sorrisos largos
Afasto todos pensamentos tristes que poderiam mastigar
minh’alma
Reconstruo
aqueles campanários das saudosas
manhãs de domingo
Reabro as janelas ao mundo que corre lá fora, me volto ao horizonte
A noite flui e
gravo minhas percepções ao longo de
escuros minutos
E a palavra se
inscreve neste instante entre instantes
tanto inglórios
E toda noite refarei
o verbo, indispensável, gritante, caleidoscópico.
Porque? Por
que assim é necessário, insuplantável, refazer a energia
O impulso de
vida é feito de desejos irrefletidos, de árvores floridas
Eu, cansado de
flutuar sobre abismos, embarco na brisa antemanhã
O sonho é
realidade ao alcance de um braço, na esquina do infinito
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