terça-feira, abril 1

Meus Mortos

 
Os meus mortos e meus sonhos andam juntos
Grudados à escuridão que embirro em manter
No rebuliço dos ventos, um meio dia outonal
As cinzas espalhadas sobre o chão crestado
Meus mortos conheço-lhes, de cada, o nome
Sei que até transitam livres por meus versos
Cheiram à loção de barba alcoólica e barata
Os garfos e facas desemparelhados e tortos
Espalhados pelas gavetas da cozinha da casa
Meus mortos, sei-lhes qualidades e defeitos
Subversivos, circunspectos, solenes e outros
As gravatas desalinhadas sobre o terno azul
Um dia a morte nos recolherá para a solidão
Nos juntaremos todos, então, à fila da barca
Aquela mesma de nossos medos mais infantis

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