Guerra e Paz
O trabalho reclama os dias, consome as horas,
pela batalha do dever
Em líquidas memórias impacientes, buscamos a
calma sem encontrar
Deixo o benefício da dúvida sobre as energias gastas dessa maneira
Segundo após segundo, são passadas horas em ponteiros deslizantes
E avançamos para quitar as últimas ações, em uma estranha tristeza
Numa vitória inventada, a tarde vem
para renovar as outras nuances
Num mágico poente, quando o sol
se retira e nos colocamos a pensar
E imaginar que podemos sentir o perfume estival das flores do
campo
Mas o que anuncia a chegada da noite é o
novo e desalmado inverno
Eu que nem lembro ter visto o outono passar ou suas folhas
abatidas
Penso que eu queria estar ao teu lado, sentir
teus seios imponentes
Desatar-te dessas tuas vestes para chegarmos aos limites do mundo
Sentir o sangue fluindo no ritmo de pulsações
aceleradas do coração
Quiçá fosse só uma espera para alongar o
tempo, reduzir os espaços
Sob uma luz insinuante no quarto, espalharmos
as roupas pelo chão
Chegar-me ao teu lado e aconchegar minhas coxas
entre tuas coxas
Deslizar minhas mãos sobre tua pele, olvidar os edifícios e gravatas
Ser o sentimento exponenciado ao limite, partilhado só com os
olhos
Conhecer-te como quem se olha ao
espelho em admiração atemporal
Para quem veio da guerra do cotidiano, olvidar
a selva de concreto
Assim eu declaro a paz, incondicional, para te dizer o prazer
venceu
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