segunda-feira, setembro 1

Guerra e Paz

O trabalho reclama os dias, consome as horas, pela batalha do dever
Em líquidas memórias impacientes, buscamos a calma sem encontrar
Deixo o benefício da dúvida sobre as energias gastas dessa maneira
Segundo após segundo, são passadas horas em ponteiros deslizantes
E avançamos para quitar as últimas ações, em uma estranha tristeza
Numa vitória inventada, a tarde vem para renovar as outras nuances
Num mágico poente, quando o sol se retira e nos colocamos a pensar
E imaginar que podemos sentir o perfume estival das flores do campo
Mas o que anuncia a chegada da noite é o novo e desalmado inverno
Eu que nem lembro ter visto o outono passar ou suas folhas abatidas
Penso que eu queria estar ao teu lado, sentir teus seios imponentes
Desatar-te dessas tuas vestes para chegarmos aos limites do mundo
Sentir o sangue fluindo no ritmo de pulsações aceleradas do coração
Quiçá fosse só uma espera para alongar o tempo, reduzir os espaços
Sob uma luz insinuante no quarto, espalharmos as roupas pelo chão
Chegar-me ao teu lado e aconchegar minhas coxas entre tuas coxas
Deslizar minhas mãos sobre tua pele, olvidar os edifícios e gravatas
Ser o sentimento exponenciado ao limite, partilhado só com os olhos
Conhecer-te como quem se olha ao espelho em admiração atemporal
Para quem veio da guerra do cotidiano, olvidar a selva de concreto
Assim eu declaro a paz, incondicional, para te dizer o prazer venceu