terça-feira, setembro 16

Catedrais

Do que se fazem as palavras que compõem o poema
Terão a mesma matéria de carne e sangue do poeta
Qual o destino terão depois de escritas, aonde irão
Acompanharão quem as leu, nos lumes da memória?


Quiçá as palavras nos sigam ocultas no pensamento
E irão ecoar nossos versos, como marcas indeléveis
Imagens sem olvido que, de fato, nem sabemos bem
Serão as notas musicais da canção que não se cala


Todas emoções, sentimentos que irão à eternidade
Morrem e renascem à flor da pele, possíveis ou não
Vencem o limite de onde não se tinha certeza iriam
Apenas acontecem sem que alguém as possa evitar


E onde irão as palavras que se calou? Diluir-se-ão?
Dissolver-se-ão na rua escura de amargos regressos
As vozes vazias morrerão na soleira d’alguma porta
Onde nos aguardará no final dos sonhos realizados


Mas a palavra certa faz tudo acontecer diferente
Mistérios decifrados, a primavera a suceder o frio
A incerteza da aridez mitigada nos braços da água
É o arco que impulsiona a flecha ao alvo do desejo


O poema é a palavra qual a onda, que na rocha bate
Ao invés de morrer, constrói em espuma, catedrais





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