quarta-feira, setembro 17

Girassóis

 

A solidão passeia seus véus na chuva de primavera
A água flutua desgarrada em mil gotas de espanto
E na beira do precipício dos meus olhos, a lágrima
Desgarra, mergulha no vazio que a separa da terra
Qual um dia pudemos esquecer, o mundo não para
Mas o imutável, deixou-me um amargo na garganta
 
Ah, nós éramos heróis na fortaleza da madrugada
Então veio o sol e desnudou que nos pertencemos
Teu nome escrito na floresta ora escorre pela rua
Na parede que dividiu a vida numa infinita solidão
A ruminar dores neste reino de pássaros sem asas
Não importa estar cego, já que tudo restou cinza
 
O inverno trouxe a nudez das uvas em duas taças
Cheias de inútil vinho, o qual jamais iremos tomar
A falta da tua imagem deixou meus olhos silentes
Neste viveiro sem flores sobram portas sem chave
A ausente fragrância de tua existência, calou-me
Já nem lembro a canção em francês que cantavas
 
De toda ausência, restou o prazer de ter sido teu
Ser o teu menino dos jogos só para te fazer sorrir
Ora sei, somos mais pó que duas estrelas perdidas
Ocupamos uma herdade de sonhos não realizados
Hoje sigo tua lembrança qual quem já seguiu o sol
Assombrado da certeza que não eram os girassóis
 

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