Não há domingo em Kiev
Ontem vi
poetas calados ensimesmados com suas mazelas
Derramando,
gota a gota fino vinho, cheio de resplendor
Na busca de
um gemido, o mais vicioso e o mais presente
Emboscados
na sua devoradora solidão e outros a chorar
Em pânico,
ouvem a voz de mortos que deixaram pra trás
O verso
pobremente devoto, insensível à segunda pessoa
Deixem-no
gritar até que o velho sol termine seu passeio
Qualquer
poeta perjuro à única resposta que lhe caberia
Que o fundo
de sua dívida, faz núpcias com a imundície
Pois,
quando a noite cai, o silêncio lhe será qual herança
Por mal,
apoiados num intolerável fuste, calam ao alheio
Inundam-se
entre tantos pecados, ainda que por omissão
Da qual
somos pródigos quando face ao mal nos calamos
Posto que
desobedecemos à caridade entre outras obras
Que
competiria a todo aquele que tomar da pena e papel
A luta pela
paz, a peste da paz, é uma vigília interminável
O caçador
que há dentro de mim encontra-se na espreita
Obedecendo
a memória ancestral, ao espírito vivificante
Combato os
abutres quais nos queiram anquilosar a vida
E tudo que
impeça ver-nos à imagem e semelhança D’ele
A batalha
cotidiana, nos inclui dos mais severos inimigos
Antes de
agonizar na cama, por nossos arrependimentos
Impende
elevar o tom quando a angústia do outro exala
O odor das
hienas, chacais e demônios a pedir a carniça
Lobos
cavando fossos para apanhar tudo o que neles cai
E se
observar, mesmo distantes, impulsos de destruição
O poeta não
pode calar a voz face à desgraça da guerra
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