Se escrever é fazer mágica, sou um mago; se for transformar, sou alquimista; se for dominar mistérios, então sou bruxo. Vim transmutar sentimentos em palavras e vice-versa. Os poemas falam de imagens, sentimentos e sonhos. Tudo se passa na vida real ou na surreal. Ao lê-los tenha atenção ao que está oculto nas entrelinhas. Deixe que os versos te levem onde o vento quiser levar. A musa de meus poemas é a vida. Estejam atentos, pois as palavras são metade de quem escreve e metade de quem lê.
sexta-feira, agosto 29
sexta-feira, agosto 15
Visões da beleza
Certo dia, quando as trevas emolduravam meus dias
E o desespero açoitava inclemente as minhas noites
Quando os meus olhos choviam em amargas lágrimas
Duras sombras desprendiam-se por todos os cantos
Lá fora de mim a chuva também se derramava negra
Para escorrer acelerada sobre o asfalto que molhava
Dentro de meu carro, eu queria fugir da minha vida
Pelo retrovisor, via rastros deixados como serpentes
Que me seguiam em meio à teia viva que me enredava
Na minha fuga fui me esconder nos alentos do sonho
Foi assim que te descobri, como que não sei explicar
Pois que foi de tintas de sonho, trêmulas de encanto
Que novo quadro passa a se desenhar nos relâmpagos
Vindo acender em meu corpo, um clamor dos cristais
A noite gris antes outonal, faz-se de clara primavera
As sombras agora iluminadas se movem por impulsos
Debaixo do fulgor da madrugada que as ceifam à raiz
As serpentes tornaram-se fitas coloridas de uma festa
Calando a voz acre da madrugada a acordar sua alma
Vejo tua imagem crescer em mim por laços vibrantes
Teus cabelos finos e delicados, dourados como o sol
Parecem como um campo de trigo batido pelo vento
A luz que surge dessas trevas ilumina-a descontraída
Teus olhos profundos ofuscam toda a mágica do céu
Pois, de tão vivos, não têm o rigor geométrico da cor
Alegres brincam de inocência suspensos em teu rosto
Teu rosto claro é a própria beleza convertida em face
Teu corpo em sua altura e balanço passeia pelas aleias
Dos parreirais que crio em sonho, és vinho inebriante
E contigo percebi que todos sonhos se realizam em ti
Gotejar
Meio à insônia destas
noites ouço um incansável gotejar das calhas
Vem contar o fim das
chuvas. Som perdido de uma história secreta
Tão cheia de retratos sem história,
de uma sempre mesma paisagem
Está cheia de monótona
saudade com um quê de mistério e solidão
E se um dia só restar o silêncio, deixando todas histórias por contar
Nem ao menos os cantos
tediosos dessas gotas ao chão despencadas
Nem mesmo as falsas
lágrimas que do beiral dos olhos se desprendam
Que chora pela ausência do existir, em um tempo sem início
ou final
Meu então anestesiado
coração verá este poema feito de sombras
E de palavras cansadas e desfrutará de seu sentido
subentendido
Achará a paz que prescinde o real escrito nas linhas do
horizonte
Tão ironicamente presente,
paradoxalmente supérfluo e resignado
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