Os tempos vividos teceram nós
invisíveis em mim
Moviam-se alheios em torno de eixos excêntricos
Cobriam cada passo do caminho, feitos
do vazio
Estavam sempre despertos, eram avesso
do amor
Era um intangível nó, uma viva
negação do viver
Cavava um abismo sob meus pés, sem me
devorar
Lutei insanamente, vi a vivificação
do desespero
Que o frio da sombra projetava
solidão e insônia
O nó fez do voo o nada, fundiu o
corpo ao vácuo
Desenhou uma trilha de lágrimas sobre
meu rosto
Quantos gestos se apagaram e passos
evanesceram
Aditou a imagem, fez prisioneira nas orlas
do zero
Mas a luz em plena vibração promoveu o
encontro
E desfez os nós que prendiam o espaço
e o tempo
Simulava o silêncio, mas então retoma
movimento
Renovados sentimentos florem ao
passar dos dias
Desdobrando um círculo imortal dentro
da noite
O querer transborda o silêncio até o
limite da luz
O peito vazio se enche da voz sussurrada
em azul
A pulsação que enfim reencontra o
veio de ouro
O que era deserto se refez e fulgura mata
densa
Há organismos translúcidas onde eram
cavernas
Cada toque pulsa no corpo, qual fosse
vertigem
Mesclam-se à luz que invade uma alma
renovada
As vertentes que foram abertas para a
passagem
Completam os ângulos tênues desfazem
o silêncio
Desdobram-se na essência real do
espaço e tempo
Acendem o fogo da iniciação à vida os
corpos nus
Passadas as gerações, nestas já amareladas
páginas
Alguém relerá linhas fugazes de um
convívio alado
Medida exata de frases ao vento a vencer
o silêncio
A descobrir que só o amor é o que
recompõe a vida
tão intenso... difícil comentar!
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