Nasceu o dia e tudo, nele,
o que é doçura!
Doce voz, rubros lábios,
mão e colo macios
Meu único alento, enlevo,
sussurro encantador.
Teu olhar iluminado, teu
corpo perfeito,
Não há mais graça em
quaisquer flores ou botões
Se vais, a visão de beleza
se vai do meu olhar.
Assim é meus braços ida, a
forma da beleza
Idas a voz e calor, a
alvura e o paraíso...
Tudo se esvanece ao fim de
tarde quando saís.
Mas a poesia da vida nunca
termina
Mesmo naquelas noites
solitárias de inverno
Ou nas tardes
incandescentes de verão.
Não será a distância
suficiente para esquecer
Esse amor, unido a breves
acessos de louca paixão,
Ainda que eu jamais saiba
como as luas mudam.
Dizem que os sonhos
esvanecem, mas eu quero é asas
Quero prazer para fugir aos
meios-dias sonolentos
E jamais dar ouvidos à voz
intrometida do bom senso.
Viestes tão oculta tomar
conta de minha vida
Levastes furtiva meu
coração assim que te conheci
Pusestes fim ao ócio de
meus dias indolentes e desertos.
Num silente ardil, entorpecestes
meu olhar esquivo
Meu pulso fraquejou, não
doía mais a dor da solidão
Desprenderam-se de meus
olhos as lágrimas antigas
Para que nunca mais a
amargura atinja meu existir.
Não houve, afinal, a
tempestade que o vento anunciou
Arrancando dos galhos as folhas
que o tempo amadureceu.
Agora se cala o rouxinol e
as estrelas chegam devagar.
O murmúrio do mar já vem
fazer a resenha do dia
É hora minha musa, de
encheres o ar com tua harpa
É quase hora de começar a
viver, minha alma reconhece,
Sente no ar tua presença
que é meu santuário
Meu cérebro se fazendo de
jardineiro planta a 'fantasia'
Dela colhe botões, sinos,
estrelas, flores que nunca se repetem
Mas que todas tem teu
nome, teu cheiro e tua cor
És minha paz, meu desejo,
meu fim de tarde, meu amor.
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