Os signos de uma noite em
dupla sombra
Adensada num voo para
dentro
Ocultavam mais que meu ser
fugitivo
Nas cavernas obscuras do
silêncio.
Afunda-se no abismo minha
voz solitária
Na própria voz igual ao
pensamento
E me calo no turbilhão de
meu drama.
Escuto terríveis sons
dentro da noite
Ferindo o coração da
madrugada
Como esta dor lancinante
que me trespassa a alma.
Mas mesmo no rigor do
lamento dessa nostalgia.
Não vou permitir nossas
vidas afogadas pela mágoa.
Ainda que se acendam
gritos frenéticos
Nas bocas perturbadas pelo
rito da angústia,
Não deixarei correr tuas
lágrimas em meio a este surto
Febril e mal delineado que
o vento fustiga.
O negro seio da noite que
me envolve,
Os gritos de suas sombras
solitárias
A atravessar a profunda
quietude destas horas
Repercutem em eco aos meus
ouvidos
Enquanto a cidade se
divide no sono.
Meu rosto esta molhado
pela dor da saudade
Como se uma invisível
chuva contra ele
se estilhaçasse escorrendo
em grossos cordões
Meu olhar se perde num
horizonte vazio a te buscar
Achando que podes estar
diante de mim
Oculta na irremovível
dimensão da noite.
As palavras ferinas que
nos roubaram o prazer
de nossas bocas unidas em
tão real felicidade
ainda crepitam no ar em
ásperas rajadas,
Nos arrastando consigo no
olho da tormenta e
Tentando nos impor a
maldita semente da ausência.
Mas no centro do meu ser
só existe tua presença
a me aquecer como o fogo
criador de toda a luz
a me guiar como um signo a
derrubar disfarces
e a me dar alento como a
água fresca das colinas.
Dentro de mim tua presença
é real e cresce
A abrir clareiras em meio
ao negrume hostil
Para permitir o voo ao
esplendor imortal do amanhecer.
Não há mais como ocultar
da vida o sonho
Não há mais como negar que
o nome amor
é o único que pode ser
dado a este sentimento
que já é essência de
existir e, quando juntos, será nosso abrigo
contra todo mal, pois
nosso destino é ser feliz.
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