O silêncio da noite acolhe
o pássaro que é luz além da angústia,
lentamente iluminado pela
ondulação da música oculta nas trevas.
Abre os olhos à tinta que
umedece o grito sufocado pelas curvas
negras da noite em pânico
para desfazer o medo e acolher as luzes.
Para percorrer a solidão
do abismo à procura da voz que se perdeu
Mergulhada no espanto da
noite que fundia o voo da ave ao céu.
Cresta-se o olhar com a
geada e o gelo da ausência lhe queima as asas.
A fumaça das chaminés lá
embaixo, sobe no começo de cada noite
Avança rumo ao céu em seu
caminho, sinuosa, a aquecer corações
O pássaro sabe das
ruidosas almas indiferentes ao seu saudoso olhar
As árvores, dali
pequeninas, são as mesmas. Os pessegueiros, as pereiras
E os pés de laranja dão o
alento aos olhos inundados deste viajor.
Voar sempre requer
energia, mas o som distante dos passos da amada
Que se aproxima é o fôlego
animador no encontro dos espaços vazios
A energia se reproduz nos
atos compondo a forma com o mesmo brilho
Que reproduz tua figura
seja na visão real ou no fogo do delírio.
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